Você já ouviu falar em afroempreendedorismo? Um conceito que valoriza questões étnicas e raciais e traz representatividade ao empreendedorismo negro, gerando crescimento coletivo e mútuo. O afroempreendedorismo está presente em diversas esferas do mundo empresarial, como na moda por exemplo.
Há anos existem os famosos clubes por assinatura como a “Glambox”, onde um valor é pago mensalmente em troca de produtos de marcas parceiras. Dois empreendedores, Bruno Brigida e Débora Luz, resolveram encontrar uma forma de incentivar o afroempreendedorismo e fortalecer a moda afro com o Clube da Preta, primeiro clube de assinatura que entrega mensalmente roupas, acessórios e produtos de empreendedores das periferias.

No Clube é possível determinar dois planos (Soul Look Básico e Soul Look Fashion), além do tempo de assinatura. O box é personalizado, por isso o cliente pode escolher os gostos e inserir medidas. O Clube da Preta gerou uma renda de mais de 5 mil reais para afroempreendedores e teve uma estimativa de mais de 650 produtos enviados. Marcas como Ojire, Boutique da Krioula, Zakii, Makeda Cosméticos são algumas das marcas presentes no box que fortalecem a mensagem consciente, cultural e social do projeto.
Conversamos com o Bruno que nos contou um pouco sobre a criação e a mensagem do Clube da Preta:
Como surgiu a ideia de criar o Clube da Preta e quais os processos que
você e a Débora passaram para que essa ideia se tornasse um
empreendimento real?

Bruno Brigida e Débora Luz | Fonte: @iambrunobrigida
A ideia nasceu em 2016, enquanto conversávamos com alguns amigos que são donos de algumas marcas. Desde então viemos estudando algum modelo de negócio que fosse compatível e conseguisse ser escalável de uma forma “rápida”. Eu sou formado em ADM e a Débora é muito “antenada” com a moda. Unimos as forças de nosso conhecimento conseguimos desenhar um projeto que seria vantajoso para gente, para os produtores (afroempreendedores) e para os clientes.
Qual o intuito primordial do clube?
Conseguir ser referência em desenvolvimento socioeconômico.
O Clube da Preta é o primeiro clube de moda afro por assinatura do Brasil que reúne produtos de afro empreendedores da periferia. De que forma vocês chegam até esses empreendedores? Eles colheram mais resultados depois de entraram no Clube?
Chegamos a eles através das feiras, eventos e a internet que é nossa aliada em pesquisas, além de clientes que já indicam afroempreendedores. Alguns deles colhem bons frutos e já estão mudando de planos depois que se aliaram ao Clube da Preta.
Vocês acreditam que o mercado fashion está abrindo mais espaço para a moda afro? Como vocês entendem esse paralelo entre o consumo fashion, afro empreendedorismo e a moda vinda da periferia?
A moda afro é abrangente demais, não são só pelos tecidos e estampas, mas ela ganha destaque pelo corte, pela modelagem diferenciada. Existem diversos casos espalhados por aqui, inclusive de marcas hiper famosas que simplesmente hackearam modelos nascidos na periferia. Estamos aqui para que isso não aconteça mais.

Qual a maior conquista recebida com o Clube da Preta?
Conseguir completar 1 ano de vida em pleno crescimento e no meio de uma crise econômica é super considerável, mas a maior vitória é saber que os clientes estão gostam e que empreendedores estão evoluindo.
Uma realidade ainda presente, infelizmente, é o preconceito racial. Como vocês acreditam que o Clube da Preta pode fortalecer a valorização da cultura afro e quebrar estereótipos preconceituosos?
Indo contra tudo isso. Mostrando o valor dos produtos e principalmente das pessoas, elas merecem ser valorizadas. Mostrando que o tom da pele não é nada e que com vontade, criatividade e sonhos todos vão longe.
Acesse o site do Clube da Preta: clubedapreta.com