Nem sempre queremos usar as peças que estão no nosso guarda-roupa. Sempre tem aquele dia em que nada combina, nada parece estar adequado à ocasião e nada parece transmitir a sua energia momentânea. É nessas horas que apelamos para a compra de uma nova peça, que infelizmente logo se misturará com as suas várias outras esquecidas. É aí que a compra compulsiva, o consumismo e as despesas desnecessárias se inserem aos poucos no nosso cotidiano.

Mas então de que forma podemos criar looks diferentes e ainda assim fazer com que as roupas dos nossos cabides circulem? Essa resposta quem nos deu foi a Lara Tironi, Diretora Executiva do aplicativo de aluguel de moda “LOC”, uma plataforma que facilita o aluguel de peças entre os próprios usuários do aplicativo e incentiva que você alugue as peças que você adora!

Lara idealizou o LOC após uma conversa com seu tio sobre empreendedorismo. “No meio dessa conversa ele trouxe o seguinte aspecto: empresas, que estão hoje conectando oferta e demanda, estão muito bem no cenário econômico atual. A filha dele que por coincidência estava ouvindo a conversa me perguntou: ‘Não entendi, como assim? ’. Explicando pra ela como seria isso, eu tive a ideia do LOC”. Após dar um exemplo de moda circular, em uma conversa com seus amigos sobre a mesma questão, Lara teve um insight de que sua ideia anteriormente não era uma simples explicação de oferta e demanda, mas um negócio viável e inteligente.
Amadurecendo o projeto, a diretora do app se lembrou de uma prima (Cecilia Barreto) que possuía experiência no mercado e que estava saindo de um emprego em uma loja de fast fashion, e resolveu convidá-la para ajudar a desenvolver o projeto. Algum tempo depois, foi a vez de convidar o irmão (Igor Tironi), que estava aprendendo a programar na época, para se juntar ao grupo de sócios e auxiliar na programação do aplicativo.
Cecilia Barreto (Foto/Reprodução) Igor Tironi (Foto Reprodução)
O início do desenvolvimento da plataforma foi em agosto de 2016 e em maio de 2017 o trio já possuía um MVP (Produto Viável Mínimo – uma versão mais simples de um produto que pode ser lançada para aprendizagem e aperfeiçoamento do mesmo). “A gente fez um teste em Salvador, em maio e em junho de 2017. Convidamos 120 pessoas para o teste, sendo que 90 toparam, já que escolhemos trabalhar com IOS. Fizemos um teste muito bem específico e tivemos 29 aluguéis em andamento. A partir daí, pegamos o MVP e começamos um aplicativo do zero para fazermos um produto realmente notável”, conta Lara.
Para ela, a sensação de achar que o negócio não vai funcionar sempre existe. “Trabalhar com uma coisa que é realmente fora da caixa, que as pessoas não estão acostumadas é um pouco mais difícil”. O LOC possui duas dificuldades que demandam mais atenção dos sócios: primeiro que o aluguel de roupas ainda é muito vinculado somente aos vestidos de festa para grandes eventos como casamentos e formaturas, e o aplicativo propõe um aluguel de roupas casuais; segundo que ainda é difícil gerar o entendimento do sistema do aplicativo para os usuários. O LOC possui o sistema de localização e conecta pessoas a roupas de até 50 km. Por ser um app em crescimento, ele ainda não atinge um público de todas as regiões do Brasil. “Temos muitas peças cadastradas em Salvador, poucas no Rio de Janeiro e algumas em São Paulo. No nosso Instagram tem várias coisas que estão lá no LOC, mas estão em Salvador, por isso existe um pouco dessa dificuldade. A sensação de que não vai dar certo sempre existe, porém ela é rapidamente mudada para a sensação de ‘Meus Deus do céu, o mundo precisava ver isso! ’”, conta.
A empreendedora afirma que o mundo do empreendedorismo é uma “montanha russa” de emoções, mas que a satisfação de fazer acontecer é incrível! Para fazer com que o projeto conquiste espaço, a equipe realizou, no dia 1º de agosto, um lançamento oficial da plataforma em São Paulo no intuito de atrair novos usuários.
“O Loc é um negócio escalável. Ele é uma startup porque usa o modelo de negócio e aplica tecnologia em cima. Só com uma praça ou só estar em um lugar não tornaria o negócio escalável. A necessidade de trazer outras praças para dentro do LOC é justamente conseguir trazer outras pessoas e expandir”, pontua.
Diante do novo período consciente na moda, outros empreendimentos surgem como um estímulo para novas práticas de consumo e um sistema capitalista renovado. Lara Tironi acredita que essas iniciativas reforçam o sistema de negócio da startup e aos poucos desestimulam o consumo desenfreado. “Esses tipos de iniciativa só reforçam realmente que hoje as pessoas estão cada vez mais conscientes e cada vez mais perdendo a “necessidade” de comprar para se ter acesso há algo. Outras alternativas só fazem com que a nossa ideia e a nossa vontade faça mais sentido”.

A conscientização está acontecendo gradualmente, porém já gera ótimos resultados e feedbacks para os proprietários da plataforma de locação de peças. “Um case muito legal que a gente tem é de uma influenciadora de Salvador que sempre apoiou muito o LOC desde o primeiro momento, mas que sempre dizia que não iria colocar as próprias peças para aluguel, porque ela tinha muito apego. Depois que ela conheceu a comunidade do LOC, viu que tinha uma troca de energia muito legal, ela resolveu colocar as peças para alugar. Hoje ela tem um dos melhores armários de Salvador no app, ele tem mais de 50 peças maravilhosas e é um dos mais alugados”, exclama a diretora executiva.
Além de fazer o armário circular, é interessante o modo como o aplicativo se torna um meio de conseguir uma renda extra de modo inesperado, agregando valor a peças que estavam deixadas de lado. O ciclo se fecha dentro do próprio LOC, quando além de aprender a consumir, o usuário aprende a investir de forma mais sábia.
“A gente percebe que é uma construção. Primeiro, a pessoa gosta da ideia, depois ela entende a ideia, ela passa a alugar e então ela oferece o arquivo dela para outras pessoas. Eu me sinto muito grata pelas pessoas que gostaram de compartilhar as próprias peças e de compartilhar as peças de outras pessoas. No final as peças ajudam a contar a nossa história”, declara Lara.
Site do app: meuloc.com